Partida

Sem data pra voltar.

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Gente é assim mesmo
Que nem o tempo
Passa.
E às vezes,
Como as horas
Não volta mais
E deixa saudade.
Muita
Nem tanta
Ou um tiquinho
Mas sempre deixa.
Minha mãe diz
Que pra sempre
É muito tempo
Acho que ela se esqueceu
De que quando ela se for
Vou dizer que ela “dizia”
E isso vai ser pra sempre
Porque não vai dizer mais
Nada
Além de um rombo
No meio do peito
Uma falta
Que não se completa
Nem com uma garrafa
Ou duas.
Fica só mesmo o

De uma despedida.
Não sei se sei me despedir
Acho que não
Ainda.

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Arte de capa: Caspar David Friedrich.

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Anna Liz de Oliveira

Educadora, bióloga, ativista e escritora, poetizando lutas e paixões da ponte pra cá. @poetaperiferica